terça-feira, 14 de abril de 2009

Notícia: UMA LEI ERRADA, por Ferreira Gullar

Folha de São Paulo [12abr2009]
A CAMPANHA contra a internação de doentes mentais foi inspirada por um médico italiano de Bolonha. Lá resultou num desastre e, mesmo assim, insistiu-se em repeti-la aqui e o resultado foi exatamente o mesmo.Isso começou por causa do uso intensivo de drogas a partir dos anos 70. Veio no bojo de uma rebelião contra a ordem social, que era definida como sinônimo de cerceamento da liberdade individual, repressão "burguesa" para defender os valores do capitalismo.A classe média, em geral, sempre aberta a ideias "avançadas" ou "libertárias", quase nunca se detém para examinar as questões, pesar os argumentos, confrontá-los com a realidade. Não, adere sem refletir.Havia, naquela época, um deputado petista que aderiu à proposta, passou a defendê-la e apresentou um projeto de lei no Congresso. Certa vez, declarou a um jornal que "as famílias dos doentes mentais os internavam para se livrarem deles". E eu, que lidava com o problema de dois filhos nesse estado, disse a mim mesmo: "Esse sujeito é um cretino. Não sabe o que é conviver com pessoas esquizofrênicas, que muitas vezes ameaçam se matar ou matar alguém. Não imagina o quanto dói a um pai ter que internar um filho, para salvá-lo e salvar a família. Esse idiota tem a audácia de fingir que ama mais a meus filhos do que eu".Esse tipo de campanha é uma forma de demagogia, como outra qualquer: funda-se em dados falsos ou falsificados e muitas vezes no desconhecimento do problema que dizem tentar resolver. No caso das internações, lançavam mão da palavra "manicômio", já então fora de uso e que por si só carrega conotações negativas, numa época em que aquele tipo hospital não existia mais. Digo isso porque estive em muitos hospitais psiquiátricos, públicos e particulares, mas em nenhum deles havia cárceres ou "solitárias" para segregar o "doente furioso". Mas, para o êxito da campanha, era necessário levar a opinião pública a crer que a internação equivalia a jogar o doente num inferno.Até descobrirem os remédios psiquiátricos, que controlam a ansiedade e evitam o delírio, médicos e enfermeiros, de fato, não sabiam como lidar com um doente mental em surto, fora de controle. Por isso o metiam em camisas de força ou o punham numa cela com grades até que se acalmasse. Outro procedimento era o choque elétrico, que surtia o efeito imediato de interromper o surto esquizofrênico, mas com consequências imprevisíveis para sua integridade mental. Com o tempo, porém, descobriu-se um modo de limitar a intensidade do choque elétrico e apenas usá-lo em casos extremos. Já os remédios neuroléticos não apresentam qualquer inconveniente e, aplicados na dosagem certa, possibilitam ao doente manter-se em estado normal. Graças a essa medicação, as clínicas psiquiátricas perderam o caráter carcerário para se tornarem semelhantes a clínicas de repouso. A maioria das clínicas psiquiátricas particulares de hoje tem salas de jogos, de cinema, teatro, piscina e campo de esportes. Já os hospitais públicos, até bem pouco, se não dispunham do mesmo conforto, também ofereciam ao internado divertimento e lazer, além de ateliês para pintar, desenhar ou ocupar-se com trabalhos manuais.Com os remédios à base de amplictil, como Haldol, o paciente não necessita de internações prolongadas. Em geral, a internação se torna necessária porque, em casa, por diversos motivos, o doente às vezes se nega a medicar-se, entra em surto e se torna uma ameaça ou um tormento para a família. Levado para a clínica e medicado, vai aos poucos recuperando o equilíbrio até estar em condições que lhe permitem voltar para o convívio familiar. No caso das famílias mais pobres, isso não é tão simples, já que saem todos para trabalhar e o doente fica sozinho em casa. Em alguns casos, deixa de tomar o remédio e volta ao estado delirante. Não há alternativa senão interná-lo.Pois bem, aquela campanha, que visava salvar os doentes de "repressão burguesa", resultou numa lei que praticamente acabou com os hospitais psiquiátricos, mantidos pelo governo. Em seu lugar, instituiu-se o tratamento ambulatorial (hospital-dia), que só resulta para os casos menos graves, enquanto os mais graves, que necessitam de internação, não têm quem os atenda. As famílias de posses continuam a por seus doentes em clínicas particulares, enquanto as pobres não têm onde interná-los. Os doentes terminam nas ruas como mendigos, dormindo sob viadutos.É hora de revogar essa lei idiota que provocou tamanho desastre.

sábado, 11 de abril de 2009

Segundo previsão do Ministério da Saúde, o aumento dos tributos sobre o cigarro pode afastar os adolescentes do fumo. Ainda segundo informações do Ministério, esse público dispõe de menos dinheiro, e a medida anunciada no dia 30/3 pelo governo pode afetá-lo mais diretamente esta parcela da população, podendo ainda desestimular novos fumantes. Estudo feito pelo Ministério em 15 capitais, nos anos de 2002 e 2003, apontou que cerca de 70% dos fumantes adquiriram o hábito entre 15 e 19 anos. Já fumantes mais velhos, com o vício mais arraigado, têm maior propensão a desviar o dinheiro reservado para outras finalidades e usá-lo para consumir a mesma quantidade de cigarros a que estão habituados, na avaliação dos especialistas. O impacto da medida depende também do preço inicial do cigarro, pois o preço do cigarro no Brasil ainda é muito baixo, se comparado a outros países. Nos Estados Unidos, um maço pode custar o equivalente a R$ 11,50, na Inglaterra, o preço chega a R$ 19 e no Brasil, fica em torno de R$3. No entanto, somente o aumento dos preços dificilmente seria eficaz para desestimular o consumo, se aplicado de maneira isolada. Para tanto, outras ações, como campanhas de prevenção e apoio médico aos que quiserem largar o vício, são fundamentais.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o tabagismo cause, aproximadamente, 200 mil mortes por ano no Brasil. Fonte: INCA/Ministério da Saúde.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Inaugurada Enfermaria de Inernação para Dependentes Químicos, na cidade de São Paulo

No último dia 31/3, o governo de São Paulo inaugurou na ciade de São Bernardo do Campo, o Hospital Lacan que contará com a primeira Enfermaria de Internação para Dependentes Químicos, sob a coordenação da UNIAD/UNIFESP, que disponibilizou o Dr. Sérgio Dualibi como Diretor Administrativo. A Sociedade Bandeirantes, investiu R$ 2,5 milhões na ampliação e reforma de seu hospital. Esta será a primeira Clínica Pública do Estado para atendimento e desintoxicação de dependentes de drogas e de álcool. Trata-se de uma Parceria Público Privada, entre o Estado e a Sociedade Assistencial Bandeirantes, com amparo da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e outras Drogas) da UNIFESP, aproximando, de uma maneira efetiva a Universidade e a Comunidade. O local terá capacidade para internação de até 30 pacientes, e para sua manutenção - pasmém - o governo estadual repassará, mensalmente, R$ 3 mil para cada paciente em regime de internação. Para a equipe do Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira, nossas felicitações por mais esta importante e merecida conquista.