sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Secretária da SENAD responde a processo de improbidade administrativa

Ministério Público diz que substituta de Pedro Abramovay contratou amiga, sem licitação, para fazer cartilhas

BRASÍLIA. A médica Paulina Duarte, nomeada secretária nacional de Políticas sobre Drogas, é acusada de improbidade administrativa em ação movida pelo Ministério Publico Federal, por contratar, sem licitação, a professora e amiga Beatriz Carlini Marllat. Beatriz foi contratada para produzir o documento "Drogas: Cartilha álcool e jovens".

A produção da cartilha custou R$ 87,9 mil aos cofres públicos. Beatriz, que vive nos Estados Unidos, fora orientadora das teses de mestrado e doutorado da secretária.

Paulina assumiu a Senad depois da demissão do ex-secretário Pedro Abramovay, que desagradou à presidente Dilma Rousseff e ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ao defender a não punição para pequenos traficantes. Em outra ação, o Ministério Público Federal de São Paulo pediu a suspensão da distribuição da cartilha. A Procuradoria da República argumenta que o texto tem mensagem ambígua e, em vez de coibir, estimula o consumo de álcool por jovens.

Na ação principal, em tramitação na 5ª Vara Federal em Brasília, três procuradores acusam Paulina de fazer uma operação triangular com a Fundação de Estudos e Pesquisas Sócio-Econômicas (Fepese) para contratar Beatriz sem chamar a atenção da fiscalização. Pelo ação, quando ainda era diretora de Prevenção e Tratamento da Senad, em 2003, Paulina autorizou a contratação da Fepese, sem licitação. Depois, a Fepese contratou os serviços de Beatriz, também sem licitação.

"Tem-se fortes indicativos de que houve direcionamento da subcontratação por parte da senhora Paulina do Carmo Arruda Duarte em favor de sua orientadora de mestrado", escreveram os procuradores.

Para aprofundar a apuração, o MP pediu a quebra do sigilo bancário de Paulina e da professora. Na ação, também figuram como acusados o ex-secretário de Políticas sobre Drogas Paulo Roberto Uchôa e o presidente da Fepese, Ermes Tadeu Zapelini, entre outros. Na fase que precedeu a assinatura do convênio com a Fepese, Paulina tentou explicar a dispensa de licitação. "A indicação da Fepese para a execução deste projeto deu-se pelo fato de que aquela entidade conta com, dentre outras atribuições, o apoio a divulgação de produção técnica, sócioeconômica, científica e social nos mais diversos campos", escreveu a secretária.

Mas os procuradores consideraram as explicações insuficientes. "Ora, por que não contratar outra instituições que têm a mesma atuação e competência que a Fepese?".

O juiz Paulo Ricardo Cruz expediu carta rogatória para que Beatriz seja notificada nos EUA. Após ouvi-la, o juiz decidirá se acolhe as acusações. Uma das condenações previstas nesse tipo de ação é a perda do cargo público. Procurada pelo GLOBO, Paulina não quis se manifestar. O Ministério da Justiça diz que "aguarda decisão final da Justiça sobre o acolhimento ou não da denúncia" contra Paulina. O decreto de nomeação da secretária foi publicado segunda-feira. Mas ela ainda não foi empossada.

Os problemas de Paulina com o MP começaram em 2005, quando o procurador Luiz Fernando Gaspar Costa ajuizou ação pedindo a suspensão da distribuição das cartilhas. "Por seu conteúdo ora obscuro, ora omisso, ora confuso a cartilha constitui opção desconforme à política pública de proteção à saúde da criança e do adolescente adotada pelo Brasil", escreveu o procurador.

Fonte: Agência o globo : Jailton de Carvalho e Gustavo Alves . O Globo - 27/01/2011 .

Os interessados em conhecer melhor a cartilha acesse: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000011863.pdf

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ministério da Justiça prepara Aliança Nacional de combate ao crack.

A VOLTA DA POLÍTICA DE COMBATE ÀS DROGAS

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (foto), começa a dar pistas sobre o que o governo da presidente Dilma Rousseff pretende realizar na área de AD. Além de mudar a SENAD de pasta e (co)mando, definiu combater as drogas “com todas as armas de que dispõe”.


Por orientação da presidente, percorrerá Estados - a começar pelo Rio de Janeiro e por São Paulo - em busca de alianças com governadores para integração das polícias Federal, Civil e Militar e das áreas de inteligência. Dessa forma, enfim, a Secretaria mostra a sua cara, fazendo-a definir uma vez por todas - a  fórceps -  sua verdadeira identidade, mesmo que contrariando as diferentes correntes e ideologias.

Aliança Nacional?? O que é isso companheiro??

Segundo o ministro, o combate ao crack será uma de suas prioridades, vez que “... é a pior das drogas. É a pior porque é barata na sua fabricação, fácil de ser produzida e traz um dano à saúde brutal”, complementando que esse trabalho requer “atenção especial e todo um conjunto de ações preventivas, repressivas e que devem estar casadas. Isso tudo será desenvolvido pelo ministério, pela Senad e vai fazer parte da discussão nos estados”, na busca de uma “aliança nacional de Combate ao Crack”, dispara o novo czar das drogas em entrevista exclusiva ao Correio Brasiliense, nessa última segunda-feira (10/01).

ATENÇÃO: PISTA MOLHADA!!

A nosso ver, o ministro ressuscita um desgastado mote integrando-o a já consensuada Política Nacional de Assuntos sobre Drogas (PNAD), agora dessa feita, com mais enfáse ico com a área de Segurança Pública, reforçando assim, segundo o ministro que “além do papel preventivo da Senad e a integracão com a área de segurança...” pasmén, “terá política de prevenção, repressiva, já que tem que ter uma interface com a Polícia Federal. Essa ideia de caixas que não se comunicam qualifica um equívoco administrativo. Vamos pensar de forma integrada”, culminando com a retórica de quem está pegando o bonde andando (grifo nosso).

O ministro pretende ainda conversar, até o final dessa semana, com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para montar ações conjuntas de tratamento aos dependentes químicos.

Dependendo do que o Ministro Cardoso encontrar no MS - se o ministro Padilha não fez na Coordenação de Saúde Mental uma mudança radical, encontrará tudo o que não foi feito nessa área, mas isso é tema para uma outra matéria.

SENAD MUDA DE PASTA E COMANDO. SERÁ?

O Diário Oficial da União de hoje, 10/01/2011, publica o Decreto nº 7.426/11 que trata da transferência da SENAD, do CONAD e do FUNAD para o Ministério da Justiça - MJ.

Ao escolher o MJ para absorver a estrutura da Secretaria, o governo contemplou - enquanto coerência com a missão do Ministério e grau de importância - apenas um viés da SENAD no que diz respeito a eficiente gestão do FUNAD, identificando esse aspecto como ponto forte dos trabalhos realizados por àquela Secretaria desde sua existência, ou seja, toda expertise e manejo dos recursos advindos das apreensões de drogas e do narcotráfico.

A dúvida agora é saber de que forma o MJ tratará das questões relacionadas a prevenção, tratamento e reinserção social do dependente químico no âmbito daquele Ministério, com toda a visão e vocação policialesca, passando agora a controlar todas as ações federais de repressão e prevenção às drogas.